15.6.10

o Martinho #2

A Madrugada Apostólica

  Era uma noite escura, Martinho não sabia onde estava, nem mesmo como tinha chegado ali. Era tudo meio nebuloso como nos filmes de terror. Olhando mais atentamente à sua volta, percebeu que estava atrás de uma igreja abandonada e no meio do que parecia ser um cemitério.

  Martinho sabia que já havia visitado uma Igreja assim, com um cemitério nos fundos, mas não se lembrava aonde. O que é perfeitamente compreensível de acontecer em uma noite escura e que agora começava a ficar fria. Martinho seguiu então na direção da Igreja na esperança de fugir do frio.

Quanto mais andava mais túmulos via no caminho, e o frio ia cada vez aumentando mais. Cansado, sentou-se perto de uma árvore, tão morta quanto tudo ali, mais ainda assim, uma árvore. Prometeu ali, diante dos céus, que nunca mais tomaria vinho com chucrute e pernil de porco antes de dormir, nunca mais mesmo, nem como penitência.

  Martinho ficou ali sentado tentando se lembrar de quando tinha visitado alguma Igreja com cemitério, afinal não é uma coisa muito comum. De repente, houve um estalo, ali do seu lado, uma mão magra saia da terra, seguida por um braço e um resto de corpo. “Mein Gott, o que é isso?” exclamou Martinho, e o defunto replicou : “απόστολος..... απόστολος....buuu”.

 Aquilo era realmente assustador, e só seria menos assustador se os amigos do primeiro zumbi continuassem dormindo o que não aconteceu, já que sempre que um zumbi acorda (e isso é comprovado cientificamente) todos os outros zumbis acordam também.

 Formou-se, então, um coro de “απόστολος..... απόστολος....buuu” que ecoava pela planície. Às vezes Martinho ouvia um “miserere nobis…..miserere nobis…..buuu”, que parecia um daqueles contracantos Gregorianos. Martinho se apegou a árvore, teria até subido nela se conseguisse, mas tinha jantado dignamente e agora se via incapaz de algumas atividades físicas.

  De repente, surge de traz da árvore um homenzinho todo torto com uma pá na mão, ele olhou para Martinho e exclamou:
- Noite sinhô!
- Meu Deus! Você está vivo?!
- Ó meu bom fradizinho...Eu não sou seu Deus, mas eu tô vivinho, e “ovi” dizê que Deus tumbém.
- Mas?! O que é isso, que são esses zumbis andando de um lado para o outro falando essas coisas esquisitas?? O senhor não se assusta??
- Ah, num mi assusto não, só quando os difunto Calvinista cumeça a prosar com os Arminiano, daí eu fujo pra casa e tranco a porta.
- Mas esses aí tão mortos não? O que eles fazem aí do lado de fora?
- Esses aí são os apóstolos, eles “insiste” em não morrer, embora já tenham morrido faz tempos eles volta às vezes pra rezar missa sabe? Acho que hoje é Agnus Dei...O sinhô precisa de ver quando eles fazem missa de enterro, é divertido que só!
- Mas os apóstolos morreram! Deveriam continuar mortos! É assim que as coisas são!
- Pro sinhô ver que como nesses fins de tempo não se respeitam mais a coisas. Antigamente eu ainda passava por aqui falando com os meus botões “Apóstolo não existe Zé, é tudo coisa da tua cabeça, apóstolo não existe é tudo fantasma” daí eu parei de ter medo e continuo no meu trabalho.
- Mas isso não pode ficar assim! E se essas criaturas saírem por aí assombrando todo mundo?! Temos que fazer alguma coisa antes que seja tarde demais!
- Tarde já é homem de Deus...É "mió" esperar até que seja cedo.
- Mas aí pode ser tarde demais!!
- ...O "sinhô" tá me confundindo....Agora é tarde da noite, é "mió" esperar o dia "nascê" pra então "fazê" qualquer coisa.
- Mas por quê não fazer algo agora?!
- Porque a madrugada é deles, mas o dia não, eles aproveitam enquanto é noite porque não podem resistir a luz do dia...É isso o que eu faço meu bom "fradin", espero o sol pra concertar toda a bagunça que esses aí "tão" fazendo. Mas venha, tenho um barril hidromel que nem nos cafundós mais distantes de "Uitembergue" o "sinhô" vai encontrar igual.

 Então Martinho se foi e, como não tinha prometido se abster de hidromel achou de bom grado acompanhar o coveiro. Ficou lá divagando sobre suas idéias protestantes, pensando em um dia ser  papa, presidente ou, quem sabe, um bom coveiro.

6 comentários:

  1. nos últimos dias Deus tem feito que provasse mas de minha fé para deixar de lado a preocupação e confiar somente Nele.
    Uma vez li que se pedimos fé,temos que estar prontos a enfrentar situações que nos fará usar essa fé.
    Os desafios vem parecendo chuva torrencial.
    as vezes até tentamos fazer algo mas não da certo, e tudo o que temos que fazer é orar e sossegar.
    Deus sempre vem com um escape, se colocarmos nosso coração de fato nas mãos dele.
    R.V.

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  2. Assim o artifície anima ao ourives, e o que alisa com o martelo,ao que bate na bigorna, dizendo da soldadura: Está bem feita. isaías 41:7

    Deus nos molda e nos faz segundo sua vontade.
    Numa manhã acordamos com o céu cinza, nublado, sem força ou ânimo para começar o dia, mas Deus tem sempre algo para nos surpreender, como sua doce voz, misericórdia a carinho de um Pai.
    O que habita no seu esconderijo descansa.
    Seu louvor entra em nosso coração e logo toma nosso ser e acabamos , saltando, cantando na força e alegria do Senhor.
    Que a paz do Senhor Jesus encha o coração de todos e dê entendimento para aquilo que temos esperado.
    R.V.

    Onde quer que eu esteja Senhor , em um vale ou alta montanha, o que faz o meu dia ter cor é a beleza da sua companhia.

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  3. Amado leitor se o seu lugar nas fileiras de Deus é um lugar escondido e isolado, não murmure nem se queixe. Se Ele o colocou ai , não procure sair da sua vontade; pois sem os pólipos, os recifes de coral não seriam construidos. Deus precisa de homens que estejam dispostos a ser pólipos na sua obra e trabalhem na obscuridade longe da vida dos homens; sustentados , porém, pelo Espirito Santo e plenamente visíveis aos olhos do céu.
    Littie Cowman = Manaciais no deserto.

    R.V.

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  4. " Por que estás abatida ó minha alma"

    O Deus dos céus está atento ao nosso clamor.
    Quando nossa alma se sente enfraquecida pelas circunstâncias ficamos atônitos diante dos disafios...mesmo se as coisas estão saindo bem...temos algo que está em questão, nos incomodando. nós que confiamos em Deus derramemos nosso coração perante Ele.
    "Espera em Deus pois ainda o louvarei a Ele meu auxílio e Deus meu." sal 42:11
    R.V.

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  5. " Ide por todo o mundo e pregai o evangélho a toda criatura." marcos 16:15

    Todos que são escolhidos por Cristo são,desafiados e encorajados a seguir segundo o chamado que Deus nos deu.
    Seja o chamado qual for.
    Como sabemos a hora de seguirmos?Sem olhar para trás e tirar a mão do arado?
    Como o nosso coração reconhece a hora e o momento de DEus em nossa vida para trilharmos esse caminho tão importante?
    R.V.

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  6. A noiva estava linda!

    Há um ar de desapontamento com a igreja em nosso pais.Ouço vozes esmorecidas e vejo olhares que não brilham mais.É o desencanto com a noiva. Ao que parece tamanha desilusãoé causada pela tristeza de se ver cenários em que o louvor e a pregação se transformaram em fonte de lucro e não em alimentos sólidos que fazem os corações trasbordarem da presença de DEus. Acredito ainda que isso se dá devido a proliferação de igrejas cada vez mais cheias de pessoas, porém espiritualmente vazias.Ou seja, igrejas menos comprometidas com a palavra , sem sede de santidade e sem paixão pelos perdidos.Igrejas que caminham por tênue linhaque,por vezes, parece não distinguir muito bem igreja e mundo, especialmente quando interesses pessoais e finanças se apresentão tão tentador.
    O desencanto faz o povo olhar para o passado e relembrar os velhos tempos. Faz que os cristãos comentem sobre os pastores à antiga e sobre os dias em que a igreja ainda via na palavra razão sufisciente para o santo ajuntamento. Tempos em que o constrangimento por ser crente era resultado da discriminação e não da indentificação com o injusto e o desonesto. Por fim, o cristão fiel, diante disso tudo suspira desanimado.
    Em momentos assim, é preciso lembrar que Jesus jamais perdeu o absoluto controle sobre a história da igreja. Jamais foi surpreendido por coisa alguma em todos esses anos. jamais deixou de ser Senhor. Apesar das fortes cores do desalento, a noiva está sendo conduzida ao altar e o dia do seu brilho há de chegar.
    por Ronaldo Lindório

    Saber e fé
    revista de teologia apologética e missões

    R.V.

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